domingo, 15 de janeiro de 2017

Guia de Investimentos - Tudo sobre Previdência Privada


Falamos tudo sobre Renda Fixa. É comum após a animação dos artigos procurar seu banco e solicitar essas alternativas a poupança (mesmo tendo falado que as corretoras possuem melhores oportunidades, ainda temos pessoas mais conservadoras que preferem tudo pelo banco e hoje você já sabe que isso é pura desinformação). Claro que os bancos, antes de tudo, tentarão vender seus produtos. O principal deles é a Previdência Social Privada. Então chegou a hora de conferir tudo sobre Previdência Social Privada, no final ainda discutiremos se vale a pena frente ao Tesouro Direto, Títulos Privados Bancários (CDB, LC, LCI, LCA) e Fundos de Investimentos.


Vale sempre lembrar, nossos artigos possuem uma ordem lógica. Não leu os anteriores? Confira nosso índice para não perder os detalhes e nomenclatura e não se perder nesse mundo de investimentos.

Previdência Social Privada ou Previdência Complementar

É um investimento com o objetivo de completar os valores obtidos na aposentadoria. Em outras palavras, é um complemento ao INSS. Isso se ainda existir previdência social publica quando você se aposentar. Em 1940 havia 7 contribuintes para cada aposentado, hoje a relação é 1:1, ou seja, um modelo insustentável no futuro. Conforme visto em nosso artigo anterior, a aposentadoria é um dos seus três pilares de planejamento.

Fonte: Folha de São Paulo


Antes de começar preciso agradecer ao André Bona, grande parte do artigo foi possível graças aos ensinamentos dele.

Tipos de Previdência Privada

- PGBL (Plano Gerador de Beneficio Livre): permite a dedução de até 12% da renda bruta anual tributável (imposto de renda a ser pago) diminuindo o valor a ser pago no seu imposto de renda ou aumentando a restituição do IR. Por outro lado, quando você fazer o resgate do benefício, a tributação incide sobre o valor total acumulado (contribuição + rendimentos). Em termos simplificados, você paga o imposto sobre o capital investido + rendimento. Pode parecer mais caro inicialmente em comparação ao VGBL abaixo, porém você consegue fazer restituições anuais do IR. É obrigatório na hora de declarar seu imposto de renda utilizar o modelo completo de IR.

- VGBL (Vida Gerador de Beneficio Livre): a tributação incide apenas sobre o rendimento no momento do resgate de um benefício ou total investido. É ideal para pessoas que não declaram ou usam o modelo simplificado do IR.

Fonte na imagem


A primeira forma de tomar sua decisão é justamente na hora de fazer sua declaração do imposto de renda. Faz ela completa ou de modo simplificado? Essa resposta ajuda a escolher entre as duas modalidades.


Tipos de Tributação

- Progressiva: depende do seu valor resgatado em cada benefício. Quanto maior sua faixa de renda e benefício mensal futuro, maior será a alíquota do imposto de renda.

Base de Cálculo (R$)
Alíquota
Até 1710,78
Isento
De 1710,79 até 2563,91
7,5%
De 2563,92 até 3418,59
15%
De 3418,60 até 4279,59
22,50%
Acima de 4279,59
27,50%

- Regressiva: é calculada de acordo com o tempo decorrido entre cada depósito de recursos no plano e o pagamento de resgate.

Prazo de Investimento
Imposto a ser pago
Até 2 anos
35%
De 2 a 4 anos
30%
De 4 a 6 anos
25%
De 6 a 8 anos
20%
De 8 a 10 anos
15%
Mais de 10 anos
10%

Vale lembrar que cada aporte (depósito) terá uma data inicial diferente, e são calculados separadamente. Na hora de sacar um benefício é utilizado o dinheiro investimento primeiro, dessa forma pagando menos IR. 

Você pode migrar do regime progressivo para o regressivo, mas não o contrário. Justamente por conta da tributação, a longo prazo o VGBL pode ser mais tentador. Além disso o benefício fiscal a longo prazo pode inclusive deixar mais tentador que Fundos de Investimentos por exemplo.

Escolhi um plano ruim

Saiba que é possível fazer a portabilidade de seu plano de previdência social já acordado para outro, inclusive de outra instituição ou banco. Pense na seguinte situação: escolheu um plano ruim, ou apareceu uma oportunidade melhor em outro banco. O natural seria sacar o dinheiro e por tabela pagar o imposto e investir em um novo plano, certo? Não. É possível a portabilidade, dessa forma você não precisa pagar o imposto de renda. Claro que a tarefa não é tão fácil, os bancos nunca perdem, consequentemente, nunca deixam essa informação a mostra. Esse modelo também pode ser usado no planejamento sucessório, quando você está planejando sua morte (medo não?).

Fonte: google


Tipos de Fundo de Previdência

De forma geral você investiu seu dinheiro em uma instituição financeira como um banco que precisa gerar ganho. Seu dinheiro não fica simplesmente parado no cofre rendendo. Para essa renda a instituição financeira utiliza diversos artifícios, e são esses artifícios que irão determinar o risco e sua rentabilidade se maior ou menor. E essa rentabilidade é definido pelo seu perfil de investidor: conservador, moderado, moderado agressivo ou agressivo.

Lembra lá no começo quando falei sobre Renda Fixa, Renda Variável, Fundos de Investimentos, Câmbio e Ações (...)? Você é capaz de escolher diversos Fundos de Previdência com base em seu perfil de risco. 

Esse é um exemplo de Fundos de Previdência lá de 2012


Dependendo do seu grau de investimento a instituição irá determinar um tipo de previdência adequado para você. Existe por exemplo as Cilos de Vida que são fundos moderados mas que ao longo da vida passam a ser mais conversadores naturalmente pensando que a pessoa esta envelhecendo e necessita de cautela. Na hora de adquirir uma Previdência Privada avalie todas as opções disponíveis com calma. Veja sempre a tabela de cenários hipotéticos possíveis, geralmente oferecem uma estimativa de ganho mínimo e ganho máximo, e tome sua decisão também com base nela. Portanto nada de fazer Previdência Social Privada com um banco por telefone sem sanar todas as suas dúvidas.

Taxas e Rentabilidades

Essa simulação abaixo tirei do canal do Youtube do André Bona e ela traz um comparativo interessante com desfechos diferentes para o mesmo cenário, aplicando R$ 500,00 durante 35 anos.

- Opção A: 2% taxa de carregamento de entrada + 3% taxa de administração anual + 6% de rentabilidade anual. Resultado final R$ 355.560.73

- Opção B: 0% de taxa de carregamento de entrada + 1% de taxa de administração anual + 7% de rentabilidade anual. Resultado final R$ 683.019,92.

É quase o dobro para o mesmo investimento ao longo da vida, tudo por conta dos custos envolvidos na escolha no investimento. Ou seja, sempre preste atenção na Taxa de Carregamento, Taxa de Administração e Taxa Sobre a Rentabilidade.

Fonte UOL


Falando especialmente da Taxa de Carregamento: é uma taxa cobrada de todo aporte (depósito) que você faz. Um depósito de R$ 100 com uma taxa de 5% significa que você está aplicando apenas R$ 95, o restante está indo para o banco. É uma taxa com impacto direto de todo o seu investimento, por isso estou reforçando a existência dela. A maioria dos bancos cobra essa taxa, mas você consegue se livrar dela negociando a Taxa de Saída. Seguindo as próprias dicas do André Bona eu quero explicar o seguinte:

Por que a Taxa de Saída é mais vantajosa?- Geralmente é uma taxa decrescente.
- Essa taxa pode ser zerada quando o plano chega a um determinado saldo acumulado ou tempo de contribuição (normalmente é zero após 36 meses de investimento).
Caso seja cobrada, essa taxa incide apenas sobre as contribuições do plano e não sobre o valor total acumulado.
- Saldos vindos de portabilidade estão isentos dessa taxa.

Pergunta se a minha gerente do Banco do Brasil quando me empurrou o plano de Previdência Social Privada pelo telefone me falou tudo isso? Investi R$ 15.000,00, quando fui lá olhar não deu outra, R$ 300,00 virou taxa de carregamento e sem fazer absolutamente nada, eu tinha apenas R$ 14.700,00. Obviamente você já deve ter concluído que empresas independentes que estão no ranking dos dez primeiros lugares de Mercado de Previdência como a Mapfre, Sul America e a ICATU apresentam opções melhores e mais agressivas que bancos tradicionais. Lembra que você pode migrar sua previdência?


Eu tive algum problema e preciso resgatar o dinheiro

O resgate inicial depende do seu contrato, em geral entre dois meses e um ano. Entre os resgastes e portabilidades são 60 dias. Você aprendeu acima que há diferentes tipos de fundos, essa portabilidade é possível a cada 30 dias e consequentemente sacar apenas após essa data. Em caso de morte ou invalidez é liberado imediatamente. Portanto ela esta naquele tripé de planejamento na aba Aposentadoria, ela nunca será seu Fundo de Emergência.

Como eu resgato lá na frente?

Você pode resgatar 100% do valor total. Converter o valor total ou parcial em forma de renda mensal (que pode ser vitalícia ou ainda temporária mensal). Atentar que a renda pode ou não ser reversível ao beneficiário. Lembra que o banco nunca perde? É, corre o risco de chegar na hora de começar a receber seu benefício mensal, passar três anos, você por alguma fatalidade vir a falecer, e o dinheiro é todo da instituição financeira dependendo do seu modelo de resgate.

Fonte: Google


Já ouviu falar de Tábua Atuariais? É um índice que leva em consideração sua expectativa de vida e os juros anuais no momento de seu resgate caso opte pela Renda Vitalícia. Essa é uma confusão que as pessoas tem, Renda Vitalícia não significa necessariamente que você tem um patrimônio, irá fazer amortizações dele e continuará lá esse patrimônio. No caso da Previdência Social Privada, esse patrimônio na Renda Vitalícia pode ter deixado de existir e você possui um contrato com o banco no qual ele promete pagar um valor X por mês pelo resto de sua vida. Viveu até 150 anos? Azar do banco. A Tábua Atuaria é um valor pré-definido que dita justamente o percentual que você ira receber ao mês. Vale a pena conhecer esse valor na hora de decidir o que fará com o investimento acumulado.

Pareceu um pouco confuso? Imagine a seguinte situação, você chegou aos 60 anos com R$ 600.000,00 acumulado. Uma das opções é sacar esse valor e fazer ele render para você. Outra é negociar com o banco uma renda vitalícia. Nesse caso, os R$ 1.000.000,00 passam a ser patrimônio do banco, e ele ficará a cargo de fazer esse dinheiro render de algum modo que lhe pague o valor negociado. Você pode inclusive negociar o valor vitalício + o excedente financeiro dessa aplicação. Por exemplo, digamos que negociou um rendimento vitalício de R$ 3.000,00, e o banco conseguiu fazer seu excedente render mais R$ 4.000,00 já descontado a inflação. Você poderia receber R$ 7.000,00 certo? Mas o patrimônio agora é do banco. No entanto nada impede que você não negocie previamente um percentual, por exemplo, 80% desse valor de renda complementar para você. Dessa forma receberia os R$ 3.000,00 + R$ 3.200,00 (80% do valor). Ai fica interessante, não é?

Esse investimento é seguro?

Esse fundo é fiscalizado pelo Banco Central. O que pode haver de risco é, ali encima quando citei os Tipos de Fundos, o quanto você escolheu investir em Renda Variável ou algum outro investimento mais agressivo com risco de perda. A Susep, uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, obriga as instituições a constituir reservas técnicas. Elas são a garantia, o lastro, de que os benefícios futuros dos participantes serão pagos, ela também é responsável por fiscalizar essas reservas. Isso significa que caso um banco ou instituição quebre, haverá portabilidade para outra empresa dando continuidade ao seu investimento.

Fonte: Google


Na prática: Previdência Privada x Tesouro Direto x Outros Investimentos

Pense na seguinte situação, você é uma pessoa equilibrada, conseguiu construir os três pilares, Fundo e Emergências, Aposentadoria e Fundo de Investimento, sabe exatamente qual a porcentagem do seu dinheiro que é destinado a Aposentadoria, não seria melhor utilizar esse montante em Tesouro Direto ou Títulos Privados Bancários ligados ao CDI ou ainda outros investimentos, ao invés de deixar na Previdência Privada Social?

Eu não consigo responder esse questionamento. De todo o material que li, os vídeos com opiniões de economistas, e cálculos matemáticos realizados, não há um consenso do que é melhor. A Previdência Social VGBL com rentabilidade Regressiva possui a vantagem de um período longo uma menor taxa de imposto de renda (afinal o governo não quer que você de trabalho na velhice), além de isenção de outras tarifações e possibilidade de ter taxa de carregamento zero. Isso a tornaria melhor?

Fonte: Google


Quando levamos a rentabilidade como base, a Previdência Privada Social perde para a maioria dos investimentos em Tesouro Direto ou Títulos Bancários atrelados ao CDI. Quando colocamos as taxas, se bem negociadas, e o imposto de renda, ela pode sim ser mais lucrativa a bem longo prazo. Um plano PGBL com imposto antecipado pode diminuir em 12% seu imposto de renda anual caso faça ele completo evitando um gasto imediato anual. Outra vantagem é um processo sucessório com beneficiários definidos por você, sem entrar em inventário, com disponibilidade quase imediata. Vale citar ainda que, pesquisando bem, hoje é possível encontrar planos de previdência que paguem 95% do CDI, o que ai sim, passa a ser um belo atrativo de rendimento.

Minha sugestão é, acima de tudo, veja qual o melhor investimento que se adéque a suas necessidade e lhe dá conforto. Nesse caso não existe melhor ou pior, e as facilidades da Previdência Privada pode lhe gerar uma comodidade e tranquilidade que não tem preço.

E como última dica, cuidado com os simuladores. A desvantagem de qualquer calculadora é que ela pode fazer o que você quiser; é comum pessoas colocarem rendimentos elevados de R$ 5.000,00 ao mês ou taxa de juros ao ano passando os 10%. Lembre-se, cinco mil reais ao mês significa uma bela parcela do seu ganho mensal sendo guardado por 20 ou 30 anos, mais cedo ou mais tarde esse aporte tem tudo para falhar, e 10% ao ano na previdência pode não corresponder a realidade do rendimento.

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No próximo artigo falaremos sobre Fundos DI e Fundos de Investimentos.

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